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“O Deserto Carmelita representa um dos complexos paisagistas e arquitetónicos mais singulares existentes em Portugal.” (MECO, 2004).
Segundo PAULO VARELA GOMES (2005), “deserto era a palavra utilizada na época para referir qualquer lugar desabitado, fosse ele uma floresta, uma área montanhosa na Europa ou os desertos arenosos do norte de África ou do Próximo Oriente”. Segundo os carmelitas, “deserto” ou “ermo” designava “…uma casa de retiro e penitência, onde estes religiosos pudessem recolher-se em clausura, longe das comodidades e das solicitações mundanas, e entregar-se à vida eremítica, numa proveitosa combinação com a vida cenobítica. Devia, por isso, situar-se num local isolado e dispor de uma grande cerca, no interior da qual se encontrariam, dispersas as várias ermidas. Os Desertos eram em geral lugares isolados e agrestes onde se construía um complexo de ermidas que eram como que uma representação das grutas dos anacoretas…ou onde se aproveitavam grutas realmente existentes. Os Desertos possuíam também um convento com a respetiva igreja, que centralizava toda a vida monástica através da celebração da missa, da localização de um refeitório, uma portaria e outras dependências conventuais”.
Os embrechados são feitos com pequenos fragmentos de quartzo, basalto, escórias ferruginosas (jorra industrial) e cortiça.
“Com os embrechados, a arquitetura imitava a natureza. Com as árvores e as flores, os bosques e os prados artificiosamente dispostos ou descritos como tal (o que é o mesmo), a natureza imitava a arquitetura”. “Também é muito impressionante a cortiça que cobre paredes e tetos do edifício conventual. São revestimentos pobres. Na Idade Clássica (bem como nas conceções populares ou da burguesia nova-rica de hoje…), os mármores ocupavam os postos mais elevados na escala do luxo, logo seguidos pelas pedras polidas. A madeira e a cerâmica situavam-se na base da escala, abaixo até da pedra por polir (tratada ao picão). O embrechado ou a cortiça representavam a pobreza mais pobre” (GOMES, 2005).
Remontam aos mais antigos documentos respeitantes à região centro as referências ao “monte bussaco”.
No ano de 919, num documento em latim bárbaro, surge o nome Bussaco numa doação do lugar de Gondelim, feita por Gundesindo e outros, ao mosteiro de Lorvão, que diz “… cum suas ualles que discurrunt de monte buzaco” (Portugalie Monumenta Historica, vol 1, pág. 14).
Noutro testamento de 1002, lê-se “…in loco predicto uaccariza subtus monte nuncupato buzacco…”.
Atribui-se a etimologia à designação latina de ‘Boscum sacrum’ ou, por analogia, ao ermo de ‘Sublaco’, perto de Roma, Itália, onde S. Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos, passou três anos em severa penitência. Esta última versão é defendida pela poetisa do Buçaco, Bernarda Ferreira de Lacerda (1595-1644), que no seu livro ‘Soledades do Buçaco’ diz:
En aquelles siglos de oro
Y venturosas edades
Qual el de Lacio Sublaco
Solia el monte llamarse
Nomes vulgares: cipreste-de-Portugal, cipreste-do-Buçaco, cedro-do-Buçaco, cedro-de-Goa
Origem: América Central (montanhas do México, Guatemala e Costa Rica)
Habitat: É uma espécie originária das zonas montanhosas do México onde tem larga expansão até 1.800-2.600 m de altitude, em particular nas montanhas do maciço central, existindo igualmente na Guatemala e Costa Rica. Em Portugal é exótica e muito cultivada.
Observações: O cedro-do-Buçaco é a espécie mais “célebre” da mata, dado que é a primeira exótica introduzida no Buçaco. Na Mata contam-se vários exemplares centenários de diferentes idades, sendo o “cedro” de S. José, um dos mais velhos, assim conhecido por estar nas proximidades da capela de S. José. A sua data de plantação remonta a 1644, embora alguns autores defendam que a sua introdução é anterior a essa data. Este cedro possui cerca de 32,9 m de altura e 5,43 m de PAP.
Segundo CHANTAL (1966), J. P. Tournefort, botânico de Luís XIV, visitou a mata em 1689 e, em 1719, enumerava quarenta e duas espécies, das quais seis de porte arbóreo (e apenas uma espécie exótica).