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A Mata Nacional do Bussaco encontra-se no extremo Noroeste da Serra do Bussaco, no concelho da Mealhada. Com 549 m de altitude, a sua localização geográfica confere-lhe um microclima muito particular, com temperaturas amenas, elevada precipitação e frequentes nevoeiros matinais, que favorecem a ocorrência de elevada biodiversidade. Assim, nas encostas expostas a Sul sobressai uma vegetação potencial perenifólia tipicamente mediterrânica e nas encostas mais a Norte uma vegetação caducifólia, característica de clima temperado.
Atualmente ocupa cerca 105 hectares e possui uma das melhores coleções dendrológicas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis. É uma das Matas Nacionais mais ricas em património natural, arquitetónico e cultural, podendo ser dividida em quatro unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos, Floresta Relíquia e Pinhal do Marquês.
Arboreto
Ocupa cerca de 80% da área da mata. É o resultado de um processo de florestação que, partindo de uma área já existente, foi sendo reflorestada pela ação dos monges. Da floresta original ainda restam alguns carvalhos, azereiros e loureiros. Mas foi devido aos Carmelitas Descalços que o arboreto ganhou a alma que se mantém, sobretudo após a introdução do cedro-do-Bussaco (Cupressus lusitanica), o ex-libris da mata. A partir de 1850 foram introduzidas muitas espécies exóticas como cedros, sequoias, araucárias, eucaliptos, pseudotsuga, entre outras.
Jardins e Vale dos Fetos
A principal e mais significativa área ajardinada é a que envolve o Convento (e o Palace Hotel), designada por “Jardim Novo”. Foi construída em 1886-87, tal como a Cascata de Santa Teresa.
Outro espaço verde ajardinado emblemático é o Vale dos Fetos, cujo nome deriva da existência de vários exemplares de fetos de porte arbóreo. O arruamento do Vale dos Fetos foi construído em 1887-88, tal como o Lago Grande.
Floresta Relíquia
É uma formação vegetal clímax de plantas autóctones que, segundo alguns autores, conserva as características típicas da floresta primitiva, antes da ocupação humana.
Ocupando apenas uma pequena fração, no extremo Sudoeste da mata, este local é bastante diversificado, albergando três habitats diferentes: o carvalhal de carvalho-alvarinho e carvalho-negral, o loureiral, dominado pelo loureiro, com presença frequente do medronheiro, folhado e do azevinho, e os ‘Adernais’, na encosta Sul e Sudoeste. O adernal é uma formação vegetal única dominada por adernos de grande porte arbóreo, estendendo-se desde a Cruz Alta até ao Passo de Caifás. Em alguns locais é praticamente puro, formando um bosque denso praticamente sem outras espécies arbóreas.
Entre as espécies subarbustivas domina a gilbardeira. Nas espécies trepadeiras são comuns a salsaparrilha-bastarda, uva-de-cão e a hera.
Fonte: Rosa Pinho, Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro
Pinhal do Marquês
O Pinhal do Marquês possui 15 ha e compreende uma das últimas áreas a ser integradas na Mata Nacional do Bussaco, em finais do séc. XIX. Pertencente ao Marquês da Graciosa, na qual uma inscrição comemorativa pode ser vista hoje em dia na Cruz de Vopeliares e na qual estão integrados os capiteis da antiga Igreja de São Cristóvão, em Coimbra.
Atualmente pouco resta dos Pinheiros que lhe deram nome, devido à praga que os assolaram em finais de 2010, o nemátode-da-madeira-do-pinheiro (Bursaphelenchus xylophilus). Devido a esta problemática e à passagem do ciclone Gong (2013) esta área ficou severamente invadida por plantas exóticas invasoras, nomeadamente do género Acácia. Presentemente o Pinhal encontra-se em reconversão, com remoção das invasoras e plantação de espécies autóctones.